Solidão Familiar
Quantas vezes durante um único dia consigo realizar as refeições com meus filhos?
_Quando realizo as refeições consigo trocar idéias com eles ou as idéias acabam virando discussões?
Esta é uma reflexão que vem tomando conta de meus pensamentos há muito tempo; ouço muitos pais alegarem, que não importa a quantidade de tempo que tem para seus filhos e sim a qualidade. Que qualidade é essa que podemos ter com tantas preocupações, pressões do dia a dia, conflitos gerados pelo stress? Estamos vivendo um momento muito complicado em nossas vidas, onde percebo que a questão tempo nem é tão importante assim para dedicar aos nossos filhos, mas sim a forma que estamos administrando este tempo.
Como somos pacientes para a dedicação deste tempo com tantas coisas a resolver? Esta preocupação me intriga muito, justamente porque o stress do dia a dia está nos tirando a oportunidade de vivenciar experiências junto aos nossos filhos, impossibilitando de ajuda-los a adquirir valores básicos através de exemplos de vida, do próprio dia a dia.
Sabemos que os valores são construídos através de exemplos de atitudes, então reflito:
Que exemplos damos aos nossos jovens filhos?
Será que eles têm a noção de família que tivemos?
Que futuro, construiremos para eles, se sempre estamos ocupados e sem paciência para ouvi-los ou prestar atenção de como estão, com quem andam ou o que pensam?
O que posso percebo trabalhando há duas décadas com os jovens, é que os valores estão totalmente distorcidos, nossos jovens hoje não tem crença, religião, são muito imediatistas; estão acostumados a receber tudo pronto e na hora; claro que eles são assim, porque assim aprenderam; e de certa forma foram reforçados por nós mesmos a desenvolver este comportamento.
Nossa ânsia de proteção para os jovens vem sendo tão intensificada nestes últimos anos, que contribuímos diretamente para o desenvolvimento de uma estrutura emocional fragmentada, fragilizada onde conflitos são vivenciados por eles de forma radical, impulsiva e instintiva e sentimentos de frustração, fracasso, acaba ganhando espaço nessa estrutura emocional. Diante disso nos deparamos com jovens sem poder de criação, sem espírito crítico, desestimulado e sem vontades.
Estamos fazendo para eles, justamente o que esperam de nós, adultos coniventes e facilitadores de atitudes e pensamentos. Pra que um jovem precisa pensar, criar, construir se tudo lhe vem pronto?
Precisamos rever nossa postura enquanto pais, educadores e formadores de opiniões, deixar que nossos jovens vivenciem, experimentem a vida com tudo que ela oferece, claro que sempre orientando, apoiando-os, mostrando o que é certo ou errado, mas não devemos impedir que os mesmos vivenciem suas experiências e que possam através delas, ter pontos de referência positivos e negativos, sentir fracassos e frustrações, vivenciar angustias e medos, inseguranças, prazeres e desprazeres, afim de que possam aprender articular conflitos de forma positiva e consistente, traçando metas e objetivos, criando uma base dentro de si a ponto de ser capaz de enfrentar situações contraditórias ou conflituosas de maneira equilibrada, dando-lhe condições para enfrentamento e resolução de forma equilibrada e com discernimento.
Para isso, é necessário curarmos a doença da solidão familiar, solidão não sinônimo de ficar sozinho, pois podemos ficar juntos estando só. A cura da solidão familiar está no “estar presente” de maneira integral e não temporal, é promover situações onde o diálogo aparece como protagonizador do equilíbrio familiar; a cura está no prazer de “estar junto”; de trocar informações, sentimentos, emoções, sejam eles positivos ou negativos, é isso que nos faz sentir-se importante e crescer com uma estrutura emocional segura, forte e sem medo de enfrentar situações surpresas ou inesperadas nos tornando adultos preparados para viver e encarar a vida de forma preciosa e feliz.
* alguns textos foram retirados da Internet
http://www.alessandrovianna.com.br/
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019
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